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Humai-UEPG realiza cirurgia neurológica inédita

10 de abril de 2025 - 11:48
por Tierri Angeluci / Fotos: Jéssica Natal

Inovação. A cada dia, os Hospitais Universitários da Universidade Estadual de Ponta Grossa (HU-UEPG) procuram novas soluções para ampliar o atendimento 100% SUS ofertado para toda a população dos Campos Gerais. Dessa vez, o Hospital Universitário Materno-Infantil (Humai) realizou, no final de março, um procedimento cirúrgico neurológico pela primeira vez na história do hospital, em um bebê de sete meses.

Quem conta sobre essa cirurgia importante são os médicos Fábio Viegas, chefe da neurocirurgia no Humai; e Guilherme Machado, neurocirurgião responsável pelo procedimento. Segundo eles, o procedimento realizado foi uma terceiroventriculostomia, ou endoscopia cerebral. “Foi um tratamento para uma hidrocefalia complexa. Desde o nascimento, o paciente sofria com algumas válvulas que não conseguiam funcionar adequadamente. Isso porque haviam várias septações (obstruções/bloqueios) entre os ventrículos, onde fica o líquido do cérebro, o que impede a comunicação entre eles”, explica Viegas.

Segundo ele, em teoria, seria necessário um catéter para cada obstrução, o que tornaria o procedimento inviável, devido a várias perfurações e o aumento na chance de infecção. Com a endoscopia, foi possível realizar a liberação de várias cavidades e a drenagem do líquido em excesso.

Para Machado, que realizou a cirurgia, esse procedimento de alta complexidade foi possível graças à parceria com uma empresa de materiais médicos. Além disso, o trabalho de toda a equipe de neurocirurgia e do centro cirúrgico do Humai devem ser exaltados, já que providenciaram tudo para que isso fosse possível em Ponta Grossa sem a necessidade de transferir o paciente para um centro de referência em Curitiba.

Antes, durante e depois: a jornada de um pequeno guerreiro

Os profissionais de saúde convivem diariamente com uma linha tênue entre salvar vidas e perder vidas. Mas quando o resultado é positivo, a sensação de dever cumprido é emocionante. É o que podemos perceber no relato da coordenadora do Centro Cirúrgico (CC) do Humai, a enfermeira Danielle Ritter Kwiatkoski.

Ela conta que o neurocirurgião Guilherme Machado comunicou sobre a necessidade da cirurgia no dia 20 de março e que seria um procedimento inédito na história do Humai, devido à complexidade e também os instrumentos que seriam utilizados. “Lembro que pensei como sempre penso: que Deus me ajude e que possamos dar o nosso melhor para esse bebê que está precisando do nosso trabalho e do nosso centro cirúrgico”.

Após o preenchimento do aviso cirúrgico por parte do médico, ficou constatada a necessidade do uso da torre de vídeo, que também nunca foi utilizada no Humai. Danielle conta que pediu ajuda ao colega enfermeiro Edson Carneiro, do CC do HU, para a montagem e utilização do equipamento antes e durante o procedimento. “Foi quando eu tive a certeza que Deus estava no comando de toda aquela situação nova para nós e que o guerreiro Miguel teria tudo que ele precisasse para cirurgia ocorrer da melhor forma, pois realmente ele teria uma grande equipe de profissionais e toda uma estrutura com tecnologia para seu procedimento”.

Para Danielle, o momento mais emocionante foi a entrega da criança do colo da mãe para os profissionais do Centro Cirúrgico. “É difícil de expressar com palavras a dimensão dessa confiança que a família coloca no nosso trabalho e o peso da responsabilidade que todos sentimos por aquela pequena vida entregue nas nossas mãos”, diz. “Não tenho dúvidas que o trabalho em equipe e a comunicação foram fundamentais para esta sequência de eventos desde a marcação da cirurgia até o pós operatório com a equipe da UTI que contribuíram para uma recuperação rápida e sem intercorrências”.

Foram duas horas de cirurgia, conforme a previsão médica. Durante o procedimento, tudo ocorreu bem e o paciente manteve os parâmetros com o atendimento do anestesista Marcio Hyeda. “Ao término da cirurgia, quando ele extubou e ouvimos ele acordar chorando, foi a sensação de mais um dever cumprido e um misto de alegria e emoção tomou conta de toda equipe”, conta Danielle. “O paciente realizou o pós operatório imediato na UTI e quando fui entregar a parte de materiais deste Setor já pude vê-lo no colo da mãe. Foi difícil de conter as lágrimas nesse momento”.

Além dos médicos Fábio Viegas, Guilherme Machado e Marcio Hyeda; dos enfermeiros Edson Carneiro e Danielle Ritter Kwiatkoski; participaram da cirurgia as instrumentadoras Vanessa e Marize; as circulantes Edina Lemes e Verônica Rodrigues; e a residente em Neonatologia Amanda França.

Redação Agora1
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