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Associações forjaram mortes e usaram funerárias para lavar dinheiro do INSS

12 de maio de 2025 - 21:46
Imagem de Carolyn Booth por Pixabay

A Polícia Federal (PF) apurou que associações suspeitas de roubar beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) chegaram a fraudar a morte de aposentados por meio de uma funerária, com o objetivo de lavar o dinheiro proveniente do esquema.

De acordo com informações do portal UOL, dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontam que a Global Planos Funerários recebeu R$ 34 milhões da Caixa de Assistência aos Aposentados e Pensionistas (Caap) e R$ 2,3 milhões da Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (Aapen), ambas com sede no Ceará e investigadas pelos descontos indevidos.

O relatório da PF aponta que, apesar das transferências milionárias, nem a Caap, tampouco a Aapen ofereciam planos funerários aos seus associados.

O serviço funerário no Ceará pode chegar a custar R$ 4 mil, o que levaria a uma soma de 8.713 enterros nos anos de 2022 a 2024, ou seja, 19 mortes de beneficiários por dia. Mesmo com a quantidade elevada de óbitos, o número de associados ativos dessas duas empresas se manteve intacto.

O dono da funerária em questão se chama José Lins Neto, que também foi presidente da Caap e vinculado à Aapen. A funerária começou a receber os valores da Caap dois meses depois de a associação passar a receber os descontos dos aposentados via acordo com o INSS.

Além disso, também foi identificado que, durante esse período, a funerária repassou R$ 12 milhões para a Clínica e Laboratório Máxima Saúde Ltda., cujo um dos sócios é o genro da tesoureira da Aapen, Maria Luzimar Rocha Lopes. Para a PF, esse esquema era utilizado para efetuar a lavagem de dinheiro. Segundo o Coaf, Maria ainda recebeu R$ 700 mil em transações suspeitas.

O relatório indica que, no início de 2024, a Caap tinha 265,4 mil associados descontados, enquanto a Aapen tinha 382,4 mil. No total, a Aapen recebeu R$ 81,9 milhões com os descontos, enquanto a Caap faturou R$ 48 milhões.

A Controladoria-Geral da União (CGU) ouviu 210 supostos associoados da Aapen, e todos eles negaram ter autorizado os descontos. Já na Caap, apenas uma pessoa dentre 215 disse ter liberado.

A Justiça Federal autorizou que os agentes fizessem buscas nas sedes das associações e ordenou o bloqueio de cerca de R$ 150 milhões da Caap e da Global, além de mais de R$ 200 milhões da Aapen. A funerária teve o CNPJ encerrado na Receita Federal em abril, 23 dias antes de ser alvo de operação da Polícia Federal.

Redação Agora1
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