Governo do Paraná quer punir professor(a) que ficou doente
Foto: The Guardian
Adoecer é um abuso, é proposital? É assim que o governo do Paraná está interpretando o motivo dos afastamentos ocorridos no quadro de professores(as), na rede pública de ensino. Afinal, anunciou, nesta segunda-feira (18), o critério que será adotado de distribuição das aulas extraordinárias e para os(as) professores(as) temporários(as) pelo Processo Seletivo Simplificado (PSS). As medidas, além de cruéis, são avaliadas pela APP-Sindicato como descabidas e desconectas com a realidade.
Para 2017, tornam-se proibidas a atribuição das aulas extraordinárias aos(às) professores(as) e PSS afastados(as) – seja por motivos de doença e outros -, por 30 dias ou mais, nos últimos três meses de 2016. A distribuição também terá como referência, o maior tempo de exercício em instituição de ensino, nos últimos cinco anos, e com menos dias de afastamento.
É até difícil explicar, pois, não tem lógica. O(a) educador(a) que adoecer e se afastar por mais de 30 dias, automaticamente está excluído para assumir mais aulas. Cabe apenas se conformar em pegar o número de aulas preestabelecido e lecionar, sem a possibilidade de novas aulas para acrescentar ao salário.
Lembrando que os afastamentos por licença, que agora serão penalizados, quando ocorrem, são concedidos por uma perícia estadual a critério do governo. No entanto, a verdadeira preocupação deveria ocorrer em relação aos motivos que levam aos afastamentos.
Para o presidente da APP, professor Hermes Silva Leão, é uma apunhalada pelas costas da categoria que recebe as menores remunerações do Estado. “É desumano. O governo está fazendo um chamado ajuste fiscal em cima de quem recebe os menores salários, que são os profissionais da educação, sendo a base fundamental da qualidade de ensino”, destacou Hermes.
Já pensou em visitar um colégio estadual por dias e verificar quais as reais condições de trabalho a que todos(as) os(as) funcionários(as) estão submetidos(as)? A precariedade das escolas públicas é notória. Falta estrutura para o bom funcionamento. Mas, a favor da educação, existem profissionais dedicados(as) que passam por cima do que é negativo para transformar a rotina letiva em verdadeiro aprendizado aos(às) alunos(as). A educação é um dever, um compromisso assumido.
A vida real comprova. Confira alguns depoimentos de professores(as) que estão se sentindo acuados(as) e desmotivados(as).
- Professora Paula Campo, de Português, leciona em Londrina – “Tive bursite e tendinite, em outubro do ano passado, e fiquei afastada da função por 30 dias. Com este anúncio feito nesta época do ano, não existe a possibilidade de procurar emprego em outros colégios, por exemplo. Nem pensava nisso, mas, recebo menos de R$ 2000,00. agora, sinceramente, a minha decisão é assim que possível deixar o magistério por esta grande frustração. Escolhi ser professora, estudei muito e fiz mestrado, já tiveram outras situações delicadas, mas, nenhuma me deixou tão chocada como esta”.
- Professor João (nome fictício a pedido do entrevistado), de Artes, leciona em Curitiba – “Tive um problema sério no braço, uma lesão – estiramento no nervo – e não tinha mais controle do movimento, e agora, sou impedido de pegar as aulas extraordinárias por um motivo de doença. Educador há 20 anos, sendo 10 no Estado, imaginem como recebi a informação. Nosso salário já é mísero e a nossa responsabilidade é enorme, pois, planejamos o futuro de milhares de crianças. É uma sabotagem à educação. Vou atrás dos meus direitos, falarei com a ouvidoria e advogados. Perder um direito é um absurdo e não pode ser aceito”.
- Da APP Sindicato
- Agora 1