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Facção criminosa do PCC local fez um “limpa geral” em presídio de Manaus

2 de janeiro de 2017 - 19:41

Apontada como a terceira maior facção do país, atrás apenas do PCC (Primeiro Comando da Capital) e do CV (Comando Vermelho), a FDN (Família do Norte do Amazonas) matou cerca de 60 detentos do Complexo Penitenciário Anísio Jobim, o Compaj. As mortes estão relacionadas com a disputa entre a FDN e o PCC. Para os investigadores ouvidos pela reportagem, não se trata de um rebelião e sim de um “limpa geral” contra integrantes da facção paulista no Amazonas. As autoridades ainda não confirmaram a identidade dessas vítimas.

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“Não se trata de um problema apenas do Sistema Penitenciário e nem é um caso isolado no País, mas sim muito maior, já que a disputa dentro dos presídios é uma extensão da guerra que acontece também fora”, afirma o secretário de segurança pública do estado do Amazonas Sérgio Fontes. Em coletiva de imprensa, o secretário explica que os detentos estavam armados e trocaram tiros com os policiais militares que ficam na guarita fazendo a guarda do presídio. O objetivo dos presos, de acordo com Sérgio Fontes, era matar os internos das facções rivais.

A FDN, que se aliou ao Comando Vermelho, atua no tráfico de drogas, em especial de cocaína, na região Norte do país por meio do domínio da “rota do Solimões”, responsável por escoar toda a droga produzida no Peru e Bolívia para os centros consumidores no Brasil e no exterior. Aliada do Comando Vermelho, a FDN foi alvo da operação La Muralla da Polícia Federal em 20 de novembro de 2015. Os principais líderes da facção foram presos e transferidos para presídios federais.

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Na investigação que deu origem à Operação La Muralla a Polícia federal já havia mapeado a disputa entre as duas facções. Em pouco mais de 06 meses de investigações, segundo a PF, “foram interceptadas e analisadas mais de 1 milhão e cem mil mensagens e chamadas telefônicas relacionadas a todo tipo de práticas criminosas, sendo coletados importantes elementos de informação e de prova de crimes como tráfico internacional de drogas, tráfico de armas, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, homicídios, sequestros, torturas, corrupção de autoridades públicas e outros conexos, que são praticados e/ou planejados diariamente por praticamente por seus membros.”

Durante a investigação também foram realizadas 11 grandes apreensões de aproximadamente 2,2 toneladas de drogas, avaliadas em mais de 18 milhões de reais, além de armas de fogo de grosso calibre, que incluem submetralhadoras 9mm e granadas explosivas de mão.

Assim como outras facções, a FDN possui um estatuto próprio com os “pilares de hierarquia e disciplina, para difusão através de extrema violência aos detentos do sistema prisional amazonense”. A regra número um é que nada é feito ou definido sem a ordem ou aprovação de seus fundadores e principais lideranças que são: Gelson Lima Carnaúba, vulgo “G” e José Roberto Fernandes Barbosa, antigo traficante do bairro Compensa, conhecido pelas alcunhas de “Z”, “Messi” e/ou “Pertuba”.

Foi registrado também um motim no Instituto Penal Antonio Trindade no domingo (1º). O conflito foi solucionado no mesmo dia, mas até o momento 87 presos da unidade estão foragidos.

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 PCC x CV

O PCC (Primeiro Comando da Capital), de São Paulo, e CV (Comando Vermelho), do Rio, estão em guerra pelo domínio do tráfico de drogas na fronteira do Brasil com países como Paraguai, Bolívia e Colômbia. A relação entre as duas quadrilhas, até então pacífica, vinha se desgastando nos últimos meses também por causa da disputa pelo comando do tráfico em alguns Estados.

Em outubro do ano passado, 18 presos foram mortos durante rebeliões em presídios de Boa Vista (Roraima) e Porto Velho (Rondônia) por causa da guerra.

Segundo o procurador de Justiça Márcio Sérgio Christino, a relação entre as quadrilhas se agravou depois do assassinato do empresário e narcotraficante Jorge Rafaat Toumani, de 56 anos, em junho. Ele era conhecido como “rei do tráfico” e sofreu uma emboscada na fronteira com o Paraguai. O seu carro, que tinha blindagem para suportar tiros de fuzil e metralhadora, foi perfurado com tiros de calibre .50, o mais potente usado em armas individuais.

— O PCC passou a comandar o tráfico nessa região da fronteira. O CV, então um aliado, imaginou que poderia lucrar com o tráfico, mas aconteceu o contrário. Quando eles perceberam a real situação, o PCC já tinha dominado tudo.

Ministério da Justiça

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, se manifestou nesta segunda-feira (2) — por meio de nota — sobre a rebelião. Moraes disse que acompanhou o motim durante todo o tempo trocando informações com o governador de Amazonas, José Melo de Oliveira. Disse ainda que se colocou à disposição para o que fosse necessário.

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Do R7, com Agência Estado

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